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Odontologia brasileira está perdendo status internacional

26/08/2008

Durante muitos anos, a odontologia brasileira gozou de ótima reputação em países estrangeiros, tendo até mesmo ‘exportado’ muitos de seus dentistas para Portugal e Espanha. Mais recentemente, quando as agências de viagem resolveram explorar o filão do ‘turismo de saúde’, as clínicas odontológicas apareciam ao lado das clínicas cardiológicas, de cirurgia plástica, oftalmologia e tratamento de fertilização, entre outros. Hoje, a situação é outra. Principalmente, para os dentistas.

Atraídos pela excelência médica, investimento em média três vezes menor e atendimento com padrão internacional, não raro os estrangeiros vinham fazer um tratamento dental completo – com direito a clareamento e tudo o mais –, e aproveitavam para conhecer a Floresta Amazônica, o Rio de Janeiro e todas as belezas do nosso litoral.

Há três anos, o cirurgião-dentista Marcelo Rezende, dono de uma clínica megaequipada no coração de Manaus, dizia que além do turismo de saúde, também “era comum receber um turista em situação emergencial e ele acabar optando por realizar um tratamento estético completo durante sua estada, observando toda tecnologia disponível a um custo infinitamente menor”.

Na clínica de Rezende, que é uma das poucas a contar com um equipamento chamado Cerec3, no mesmo dia o paciente sai do consultório com dente novo e permanente. “Recriamos o dente do paciente no computador, gerando uma imagem precisa em três dimensões. Depois, um tipo de robô esculpe o dente de porcelana, fazendo uso de duas brocas especiais em alta velocidade”, diz Rezende, que alerta para as vantagens de estar instalado em um paraíso natural.

Mas, na opinião do especialista, o status da odontologia brasileira está correndo risco de ser rebaixado no exterior. “Nossos dentistas tendem a perder espaço no cenário internacional por não conseguirem ter acesso a importantíssimas inovações tecnológicas, que exigem altas somas de investimento. Aliás, os poucos que ainda obtêm recursos para investir em cursos e equipamentos de ponta, esbarram na cultura do brasileiro, que corta o tratamento dentário das despesas sempre que a situação financeira aperta, negligenciando a importância de ter uma boca saudável”.

Rezende diz que até o turismo de saúde fica comprometido, na medida em que, diferentemente da habilidade profissional de um cardiologista ou de um cirurgião plástico, o cirurgião-dentista tem de investir por conta própria em novas tecnologias, sempre. “São materiais, equipamentos, e até mesmo software que estão em constante evolução e exigem investimentos regulares. Sem falar que o Governo sequer se detém nessa questão, criando programas de financiamento adequados, mecanismos de entrada desses equipamentos no país a um preço acessível, ou até mesmo incentivando a indústria nacional a investir nessas tecnologias de ponta – que podem transformar a boca do brasileiro e sua saúde”.

Fonte: Dr. Marcelo Rezende é cirurgião-dentista, especialista em implantes dentários,
diretor da Smiling Dental Care (Manaus, AM), e membro da Sociedade Brasileira
de Odontologia Estética.

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