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China: do limão à limonada

01/11/2007

A República Popular da China surgiu em 1949, na revolução liderada por Mao Tsé-Tung. É uma democracia de partido único, nos moldes soviéticos. O Estado exerce controle total sobre a economia do país, o autoritarismo é extremo, a censura é soberana (domina tanto a televisão e os livros, como os jornais e blogs) e em nenhum outro país do mundo se aplicam tantas penas de morte.

O analfabetismo atinge cerca de 15% dos chineses e a renda per capita é quatro vezes menor do que a brasileira. Do total de 1,3 bilhão de pessoas, dois terços vivem e trabalham no campo em condições deploráveis, o que torna fraco o mercado interno e faz o país depender exclusivamente de suas exportações que inundam o mundo de produtos “made in China” – graças, também, à sua política de abertura econômica, já muito maior até do que a do próprio Brasil.

O Brasil tem bons ganhos nas relações com os chineses: eles são grandes importadores da matéria-prima e dos produtos agrícolas brasileiros, segmento em que somos especialmente fortes. Por outro lado, a China tira de nós significativa fatia do comércio mundial – em especial no mercado norte-americano, em que nossas participações estão sendo encolhidas pela força dos produtos chineses. O resultado disso é que, apenas entre 2006 e 2007, o balanço total do comércio entre os dois países deixou de ser favorável ao nosso país (que exportava ao país asiático US$1,7 bilhão a mais do que importava), e agora se inclina em favor de nosso parceiro/concorrente.

A carga tributária esmagadora e a burocracia irracional vigentes no Brasil reprimem nossos empresários, embora haja disposição de investirem aqui; isso nos faz deixar de aproveitar grande oportunidade econômica que aparece à nossa frente. A China possui em torno de 1,4 trilhão de dólares em suas reservas nacionais, e está disposta a investir parte significativa dessas reservas no exterior. Aqui, potencial para muitos negócios não faltam. O que falta é um ambiente econômico e jurídico propício para atrair investimentos estrangeiros.

A diminuição e a simplificação dos impostos, assim como a maior autonomia dos estados, se fazem necessárias para que os brasileiros possam transformar todo o seu potencial em negócios, tornando a parceria econômica com a China novamente benéfica. Aliás, empresas deveriam sofrer uma ‘destributação’ e não ser encaradas como pagadoras de impostos e servir como arrecadadoras do Estado. Medida como essa também eliminaria a possibilidade de acordos favoráveis a interesses localizados em detrimento da Nação, reduzindo a corrupção e o clientelismo.

Um Estado descentralizado, federalista, como os que existem nos Estados Unidos, na Alemanha, na Austrália, entre outros (muito mais eficientes e menos burocráticos que o que existe no nosso país atualmente), é crucial para que as empresas brasileiras cresçam e tenham condições de aproveitar os cenários econômicos globais, adquirindo maior competitividade em relação às empresas estrangeiras e atraindo mais investimentos externos. Isso levará, naturalmente, à ascensão financeira do país e à melhora nas condições de vida de toda a população. ♣

*Thomas Korontai é presidente do Partido Federalista (www.federalista.org.br)
e autor do livro “Brasil Confederação” (Editora Pinha, 1993). Consultor em propriedade industrial e agente oficial do INPI. Fundador e atual presidente do Instituto Federalista (www.if.org.br).

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