Notícias

De onde vem tanta violência?

15/10/2007

*Luiz Gonzaga Leite

A violência está solta, e os jovens liberam sua fúria não só nas madrugadas, mas até mesmo dentro da escola ou de casa. Diante de tantos episódios registrados pela imprensa nos últimos dias, paira uma dúvida: de onde vem tanta violência?

O problema não é novidade. A origem do trágico espetáculo que se vê pode ser a mesma para grupos de jovens bem criados que freqüentam danceterias, gangues formadas dentro e nos arredores das escolas, ou mesmo nas torcidas organizadas que fazem dos estádios uma arena.

Os “briguentos” costumam cultivar uma imagem idealizada da família, têm menor capacidade para lidar com perdas, são mais agitados, mais valentes e, geralmente, inconformados com dificuldades da vida. Esse conjunto de sensações, aliado, muitas vezes, à baixa auto-estima, acaba resultando em jovens sem planos para o futuro e que manifestam um sentimento de agressividade descontrolado. A rebeldia é normal, mas a violência não.

Sem polemizar sobre os fatores sociais mal resolvidos, como o comprometimento da Educação, da Segurança e do Emprego no país, como também o crescente apelo de mídia em relação ao consumismo e ao sexo casual, acabamos nos voltando para as relações familiares, que ainda são o centro de muitos distúrbios apresentados pelos jovens.

Pais que não impõem limites desde cedo aos filhos e não demonstram interesse por sua rotina de vida, seja na escola, seja nos relacionamentos pessoais, são coadjuvantes das ações de violência praticadas pelos jovens. Está cada vez mais comum encontrar pais que, ou por trabalharem demais, ou por estar enfrentando o desemprego prolongado, perdem o interesse também pelos filhos, chegando a demonstrar que não se importam com o que fazem ou deixam de fazer. É o estresse e a depressão devassando as relações familiares.

Aqui estão algumas medidas que os pais podem tomar para evitar finais trágicos:

 Desde muito cedo, é necessário impor limites às crianças e ensiná-las a respeitar os outros, quem quer que sejam. Vale ressaltar que as crianças aprendem muito mais pelo exemplo dos pais. Portanto, vigie suas ações;
 Conheça bem a escola e os amigos dos seus filhos. É importante para não ser pego de surpresa quando já é tarde demais;
 Exija que a escola adote um posicionamento enérgico em casos de agressão;
 Dê mais atenção aos problemas de relacionamento de seus filhos, por mais que isso exija disposição extra ao fim de um dia de trabalho. Não se poupe dessa atenção que é fundamental para o bom relacionamento entre pais e filhos;
 Não faça todas as vontades de seus filhos por “preguiça” de negociar;
 Nada de ceder aos desmandos da criança porque se sente culpado por ter de se ausentar. Você está no controle da situação. Lembre-se disso.

* Prof. Luiz Gonzaga Leite é psicólogo e Chefe do Departamento de Psicologia do Hospital Santa Paula, de São Paulo

Rua Lord Cockrane, 255 conj.2 ‐ Ipiranga ‐ 04213-000 ‐ São Paulo ‐ SP

(55-11) 98547-0170

heloisa.paiva@presspagina.com.br