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Dia das Crianças: haverá comemoração daqui a dez anos?

15/10/2007

*Thomas Korontai

Hoje, as preocupações de uma criança de oito anos de idade giram em torno do presente que ganhará no Dia das Crianças. Já seus pais devem ter um universo de preocupações, inclusive em que condições poderão comprar os brinquedos que os filhos pedem. Certamente, os pais hoje em dia temem, diante dos noticiários, pelo mundo que seus filhos enfrentarão daqui a dez, 15, ou 20 anos, quando a vida não mais vai girar em torno de um mero brinquedo.

O confronto entre os valores ensinados e aplicados em casa e os que vêm de fora é muito grande. Pior ainda é imaginar que, se não houver nenhuma transformação, a falta de valores irá se alojar dentro da grande maioria dos lares.

É desencantador o cenário que traz o Presidente da República, que supostamente deveria ser o ícone da nação, afirmando que diploma não é assim tão importante, já que, na falta dele, mas com esforço, ele chegou lá. Em um momento em que as crianças começam a ser tão participativas da vida sociopolítica do país, manifestando seus sentimentos em relação a este ou aquele candidato, políticos transmitem os piores exemplos, seguidos por personalidades do mundo jurídico, empresarial, policial. Ou seja, todos aqueles que deveriam dar plena segurança à criança, passam a ser os piores vilões em seus sonhos com o futuro.

Enquanto algumas mulheres se esforçam para dar exemplo a toda uma geração que trabalha, estuda e sonha, outras ganham notoriedade – aqueles 15 minutos de fama que vêm se estendendo para meses ou anos – posando nuas ou fazendo fortuna através do uso de seus atributos físicos. Pena, imaginar que seus exemplos podem contaminar um sem-fim de adolescentes que sequer sabem mais em que ou em quem acreditar.

Artistas polêmicos e folclóricos – principalmente já em declínio de suas carreiras – anunciam seu interesse pela política, lançando candidaturas de forma caricata, para cargos que deveriam ser ocupados honradamente por pessoas que há anos vêm acumulando conhecimento dos problemas e têm reais condições de contribuir para o progresso do país.

Como explicar para uma criança, no dia 12 de outubro, os crimes e outros abusos cometidos por membros do poder judiciário que não são punidos? Como explicar que, neste modelo de governo, seus pais têm de trabalhar cada vez mais, sacrificando os momentos em família, para trazer cada vez menos dinheiro para casa no fim do mês? Como explicar para a maioria das crianças brasileiras que, por ora, só é possível ‘sobreviver’, que ‘sonhar’ se tornou artigo de luxo diante de tantas mazelas? Como explicar que, do jeito que vão as coisas, elas vão crescer e continuar dependentes dos vales emitidos pelo governo, que mais se assemelham a esmolas?

O que uma criança que cresce em um ambiente hostil, dúbio, em que o único brinquedo que seus pais podem comprar no Dia das Crianças é produto de contrabando, já que seu preço não foi sobrecarregado de tributos e demais elementos do Custo Brasil? Ou será que nunca ninguém pensou o que se passa na cabeça de uma criança pobre que enxerga na ilegalidade a única forma de se divertir com um brinquedo ou um filme DVD? Max Weber já dizia que o homem é produto do meio em que vive.

Não é tão difícil assim criar um ambiente melhor hoje e um futuro bem mais promissor para quando nossas crianças ingressarem no ‘mundo adulto’. Mas, para tanto, é preciso alterar o ambiente atual, atacando as causas, os modelos da organização do Estado Brasileiro. Não é tão simples compreender as causas, mas os efeitos todos nós sentimos e nos ressentimos dele. Certamente, seguindo a trilha de tudo de errado que vem acontecendo, veremos que a causa está lá atrás e independe dos partidos políticos que estão aí, já que eles coexistem sob a égide de um mesmo ‘centro de controle’.

Todos já ouvimos que os médicos, ao tratarem de pacientes doentes de estresse, recomendam ‘delegar poderes’. Isso mesmo, delegar poderes. Com nosso país, acontece o mesmo. Basta acompanhar os noticiários. Nosso governo está estressado, ou seja, a partir daqui, tudo o que fizer só resultará em gargalos cada vez mais estreitos e incômodos. Tomemos como exemplo a ameaça de se criar um novo imposto caso a prorrogação da CPMF não passe no Senado. É preciso adotar um modelo de governo que delegue poderes, que se baseie na descentralização ao poder local e à responsabilidade local.

Se nós, que somos responsáveis pelo futuro de nossas crianças, continuarmos a esperar que os governos e os políticos resolvam o que pode ser resolvido em nossas próprias comunidades e estados, vamos alimentar o ambiente perverso em que vivemos, deixando um legado nada honroso as próximas gerações. Hoje, aos oito ou dez anos, eles brincam. Que será de suas vidas quando atingirem a maioridade?

Se agirmos agora, cada um fazendo a sua parte, a verdade e a esperança baseadas na lógica e nos melhores valores sociais vão se espalhar rapidamente, promovendo uma inacreditável transformação, despertando a crença de que sim, podemos fazer e deixar um ambiente muito melhor para nossos filhos.

Fonte: Thomas Korontai, presidente do Partido Federalista (www.federalista.org.br)

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