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Educar para a vida

19/09/2007

*Thomas Korontai

Todos sabem que as altas taxas de analfabetismo são um entrave ao desenvolvimento econômico e social. Basta comparar os índices nacionais com os internacionais para perceber a correlação entre educação e nível de renda, ou educação e saúde.

Não sem motivo, 56% dos beneficiários legais do Programa Bolsa-Família são analfabetos ou freqüentaram a sala de aula só até a 4ª série do ensino fundamental. O problema, ao contrário do que alguns insistem em ‘ilustrar’, é bem maior do que se imagina. Garantir o acesso à escola está longe de garantir o acesso à educação.

Falta orientação prática da educação que privilegie a formação de base, desde as creches que hoje substituem as famílias. A base da vida de um cidadão está na formação do caráter, das emoções e da auto-estima. Sem isso, de nada adiantará facilitar o acesso à universidade mais tarde. A formação de base começa no primeiro dia de vida de um ser humano. Impossível aceitar creches que servem apenas como depósitos de crianças, sem compromisso com o desenvolvimento emocional.

No ensino fundamental e médio o quadro é ainda mais grave. No primeiro, há um distanciamento total entre atividades práticas da vida familiar e em sociedade. Alguns educadores consideram um crime utilizar o espaço da escola para o ensino de atividades como cozinhar, arrumar a cama, manter a limpeza ou efetuar pequenos consertos. Entretanto, a ausência desses ensinamentos cria pessoas despreparadas para levarem uma vida autônoma, responsável e confiante na solução dos problemas.

Na seqüência da escola brasileira, o ensino médio aparece como vendedor de ilusões. Para a grande maioria dos jovens ele representa a última fase de formação, a chave que abrirá as portas do mercado de trabalho. Para outros, significa o acesso ao ensino superior. Não sabem que os precários conhecimentos que adquiriram impossibilitam as duas coisas. Passaram ao menos 11 anos na escola e de lá saíram sem conhecer sequer a língua pátria e alguns rudimentos da matemática. Na busca por melhores empregos, encherão as salas dos cursinhos pré-vestibulares e das faculdades de caráter duvidoso.

O desperdício econômico em 11 anos, com gastos de 3,9% do PIB/ano, é muito maior que o dinheiro investido. Significa a condenação de milhões de jovens ao desemprego, aos baixos salários e ao desconhecimento de atitudes básicas para a vida autônoma. Focado no ensino superior, o Estado brasileiro é o que menos gasta no ensino médio. E o que gasta, gasta mal, uma vez que não prioriza o ensino técnico profissional nas áreas de maior valor agregado. Nossos jovens saem das escolas semi-analfabetos e sem preparo para enfrentar o mercado de trabalho qualificado.

Com base na educação para a vida, o Federalismo defende a educação descentralizada, focada na família e na comunidade, respeitando as experiências locais e a diversidade, com autonomia curricular e financeira. As únicas disciplinas que devem ser nacionalizadas, considerando o interesse da Federação, ou seja, de todos os brasileiros, é o ensino do idioma pátrio dentro de um padrão básico comum a todos, da adoção e respeito aos símbolos cívicos e sentido nativista, o ensino da história geral do Brasil e geografia geral do Brasil.■

*Thomas Korontai é presidente do Partido Federalista (www.federalista.org.br)
e autor do livro “Brasil Confederação” (Editora Pinha, 1993)

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