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INDÚSTRIA DE JOGOS - Marco legal não impede fraudes

07/11/2022

É cada vez mais importante contar com tecnologias que confirmem a veracidade dos dados do usuário, diz executivo do mercado

Recentemente, a Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei que cria o marco legal da indústria dos jogos eletrônicos – que ainda vai ser analisada pelo Senado Federal. A medida visa estimular a indústria de jogos eletrônicos no Brasil ao reduzir a tributação sobre os produtos e ainda regulamenta a fabricação, a importação, a comercialização e o desenvolvimento dos jogos eletrônicos. A prestação de serviços de entretenimento também será regulamentada, sendo livre a promoção de disputas envolvendo os usuários dos jogos eletrônicos e dos jogos de fantasia com a distribuição de prêmios. O problema é que, por movimentar bilhões de dólares por ano, essa indústria é um dos principais alvos de fraudes – motivadas pelo sistema de pagamento online.

A indústria de jogos digitais ocupa, hoje, o segundo lugar entre os negócios de entretenimento no mundo, perdendo apenas para a TV, e ultrapassando, em muito, o cinema e o editorial (Statista, 2022). Há muito, os jogos digitais deixaram de ser passatempo de jovens para fazer parte do cotidiano de todos.  De acordo com o Relatório Global da Indústria de Jogos do terceiro trimestre deste ano, o valor global desse mercado até o momento é de US$ 123 bilhões. Seja em celulares, tablets ou PCs, três em cada quatro brasileiros têm o costume de jogar (Pesquisa Game Brasil, 2022).

De acordo com a Pesquisa da indústria brasileira de games 2022, realizada pela Abragames em parceria com a ApexBrasil, o Brasil é o maior mercado de games da América Latina. Mais de mil estúdios movimentaram US$ 2,3 bilhões em 2021. Entre as desenvolvedoras de jogos que participaram da pesquisa, 43% disseram que utilizam serviços de Analytics, 32% usam Cloud Services, 30% contratam assessoria jurídica (30%) e apenas 3% investem em segurança – o que faz acender um sinal de alerta sobre os pagamentos digitais. O Brasil registrou mais de 2,8 milhões de tentativas de fraude no primeiro semestre deste ano, segundo o Mapa da Fraude da ClearSale. Entre as categorias que mais sofreram tentativas, estão eletrônicos (9,01%), celular (7,94%) e games (5,65%).

De acordo com Guilherme Terrengui, head de novos negócios da Sumsub no Brasil, “o grande volume de fraudes vinculado à indústria de jogos pode comprometer a reputação desse segmento que ainda tem tanto a crescer no Brasil, principalmente a partir da regulamentação. Portanto, para evitar arranhar a imagem dos desenvolvedores de jogos e perder jogadores receosos pela possibilidade de golpistas invadirem um jogo e rastrearem o pagamento digital, é preciso contar com tecnologias específicas que possam identificar exatamente quem é o jogador, acompanhando a transação”.

As maiores oportunidades para os fraudadores monetizarem suas atividades são a compra e venda de moedas virtuais e produtos de vestimenta, armas ou armaduras. Esses itens oferecem oportunidades abundantes para esquemas de fraude, como lavagem de dinheiro e fraude de pagamentos. Num dos esquemas mais comuns, um fraudador cria uma conta gratuita para um jogo multiplayer online e usa cartões de crédito roubados para preencher a conta com moeda e roupas virtuais do jogo. Depois que a conta é carregada, o fraudador a vende em um site de negociação. As contas são vendidas por várias centenas a milhares de dólares, transformando bens virtuais roubados em dinheiro real. Da mesma forma, eles podem comprar e vender itens especiais, como caixas de saque contendo armas, armaduras ou outros bens virtuais.

Terrengui diz que as empresas que integram a indústria dos jogos eletrônicos têm acesso a algumas formas de endurecer o combate aos fraudadores. Uma delas é recorrer a tecnologias que permitem às empresas criar fluxos de trabalho de verificação de usuários adaptados a gatilhos e cenários de risco específicos. Com soluções personalizáveis de KYC (conheça seu cliente), KYB (conheça seu negócio), KYT (conheça sua transação) e AML (prevenção a lavagem de dinheiro), as empresas podem automatizar a tomada de decisão na integração do usuário com regras e ações flexíveis, facilitando a jornada do usuário e mantendo as taxas de aprovação altas.

“Automatizar a verificação do usuário é simples. Tudo o que é exigido do cliente é configurar a lógica de verificação, que inclui a seleção de gatilhos como idade, sexo, país, dados KYC anteriores etc. Também é possível escolher as regras e ações apropriadas ao procedimento, tudo bastante customizado. Esse workflow builder permite que as empresas criem fluxos de trabalho flexíveis de integração com qualquer nível de sofisticação, sem código. Por exemplo, pessoas de locais de alto risco podem ser verificadas automaticamente, enquanto as verificações de atividade podem ser acionadas após ações suspeitas do usuário. Os clientes podem orquestrar todo o ciclo de vida do cliente e automatizar o processo de tomada de decisão durante a integração, o que permite que eles se concentrem no core business”, diz Terrengui.

Com mais segurança, todo o ecossistema da indústria dos jogos eletrônicos pode seguir adiante com as tendências tecnológicas dentro do cenário de games. Destaque para jogos que utilizem o sistema blockchain, para o desenvolvimento e o crescimento da realidade virtual (aumentada ou mista) e para o metaverso. A implementação da tecnologia 5G emerge como um dos fatores de infraestrutura mais importantes para o futuro da indústria de games. Essa tendência envolve aproveitar o poder da rede 5G para jogos, propiciando velocidades mais rápidas, menor latência e jogabilidade portátil sem queda de qualidade. Sem negligenciar a segurança.

 

 

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